Menu
 

Consultor político e amigo do presidente Michel Temer, o jornalista e professor da USP Gaudêncio Torquato disse em entrevista à BBC Brasil que a operação Lava Jato não vai derrubar o governo.

Por outro lado, afirmou que a crise econômica, essa sim, poderia influir para que Temer não concluísse seu mandato, que vai até o fim de 2018.

Ao ser questionado se um governo mais fraco deixa o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mais forte para cassar o presidente, respondeu: "Claro, exatamente".

A expectativa é que o TSE julgue no próximo ano uma ação movida pelo PSDB que pede a cassação da chapa presidencial eleita em 2014, com Dilma Rousseff e Michel Temer, por supostas ilegalidades na captação de doações e despesas da campanha.

"Como o ministro-relator (do caso, Herman Benjamin,) falou, o TSE só vai examinar isso em 2017. Eu acho que todos esses fatores da economia vão influir nessa decisão do TSE também", disse ainda o conselheiro pessoal do presidente.

No último protesto contra corrupção, líder do MBL disse que manifestantes que pediam Fora Temer 'não seriam bem vindos'

Efeito Lava Jato
Torquato minimizou os efeitos da delação de Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, que trouxe denúncias que atingem o presidente e autoridades próximas a ele, como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, ambos peemedebistas.

Trata-se da primeira de 77 delações envolvendo executivos da empreiteira.

Segundo o delator, Temer e Padilha pediram R$ 10 milhões para financiar campanhas do PMDB em 2014 e parte desses recursos teria sido entregue em dinheiro no escritório do advogado José Yunes, hoje assessor especial da Presidência da República.

O partido nega irregularidades e diz que a doação foi feita por transferência bancária, dentro das regras de financiamento de campanha. Seus integrantes, entre eles o presidente, refutaram as acusações.

As denúncias do ex-executivo da Odebrecht somaram-se a outros fatores que já enfraqueciam o governo, como o envolvimento de Temer na tentativa do ex-ministro Geddel Vieira Lima para liberar um prédio em que tem um apartamento em área histórica de Salvador.

Questionado se o presidente tem forças para concluir seu mandato, Torquato disse que isso depende da recuperação econômica.

"Eu acredito piamente que isso depende da economia. A economia cambaleante é que realmente acirra a crise política. Eu vejo o governo agora preocupado em lançar um pacote de medidas para alavancar a economia. Vamos ver se isso vai acontecer essa semana ainda", respondeu.

"O que eu quero dizer é que, se a economia melhorar, evidentemente a situação do governo melhora, mas eu não vejo que governo vai cair por conta de Lava Jato. Primeiro porque todos os políticos de todos os partidos estão envolvidos", acrescentou.

"Se ele não puder nomear ninguém, porque todos estão comprometidos, vai ser complicado. Não vai ter gente para compor o governo", afirmou.

"Não pode na primeira denúncia tomar providência. Há uma série de boatos, rumores, confunde-se o oficial e o oficioso. Primeiro precisa comprovar. O governo não pode, na minha visão, tomar decisões só com o disse que disse."

Torquato afirma que 'boatos, de uma certa forma, deixam o governo mais frágil'

Padilha, por exemplo, foi alvo no últimos dias de diferentes denúncias. Além de citações na Lava Jato, foi acusado de solicitar em 2012 intervenção do então ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, em um assunto pessoal envolvendo disputas de terras no Rio Grande do Sul.

Ele nega irregularidades.



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postar um comentário

 
Top