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A previdência de Lula
A grande Família Lula da Silva
Dois meses após o início da Lava Jato, nos dias 29 de maio e 6 de junho de 2014, o ex-presidente Lula, então com 69 anos de idade, aplicou um total de R$ 6,2 milhões num plano de previdência privada da Brasilprev, do Banco do Brasil. Por se tratar de um investimento de mais de R$ 1 milhão no mercado segurador, logo acendeu um sinal de alerta no Coaf. A maior parte desse dinheiro investido tem como origem a empresa L.I.L.S. Palestras Eventos e Publicações, controlada pelo ex-presidente. A L.I.L.S., utilizada para receber pagamentos das palestras de Lula no Brasil e no exterior, também entrou na mira do órgão de inteligência financeira.

Entre 1º de abril de 2011 e 31 de maio de 2015, a empresa de palestras de Lula movimentou R$ 52,3 milhões. Recebeu R$ 27 milhões e transferiu R$ 25,3 milhões. Entre os maiores clientes do ex-presidente está a Construtora Norberto Odebrecht, que bancou boa parte das viagens e palestras dele no exterior, em países onde a empreiteira possui obras financiadas com recursos do BNDES. Contratos e notas fiscais confidenciais mostram que a Odebrecht pagou R$ 4 milhões ao ex-presidente entre contratações de eventos e despesas adicionais das viagens. É a maior patrocinadora de Lula.

A movimentação financeira do ex-presidente enviou outro alerta. Os agentes de inteligência financeira detectaram e relacionaram como digna de nota uma transferência de valores aparentemente menor, mas que chamou a atenção pelo destinatário. De acordo com o Relatório 18.340, a empresa de palestras de Lula repassou R$ 48 mil à empresa Coskin Assessoria e Consultoria Empresarial, de capital social de míseros R$ 2 mil. A consultoria pertence a Fernando Bittar, que no papel é dono de um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, atribuído a Lula – propriedade sempre negada pelo ex-presidente. Trata-se da primeira prova material de uma relação financeira a unir Lula ao dono do sítio. Bittar é sócio de um dos filhos de Lula, que dividia escritório com um amigo do ex-presidente: o pecuarista José Carlos Bumlai, acusado de cobrar propina de empresas em nome do petista.

Transferências para Fernando Bittar:
Na época nem se falava no Sítio de Atibaia.

Da conta da L.I.L.S. no Banco do Brasil, estão registradas, ainda, transferências para o bolso do próprio Lula, no valor de R$ 1,5 milhão, e para seus filhos. A que mais recebeu dinheiro foi Lurian Cordeiro Lula da Silva: R$ 365 mil. Em seguida, está Luiz Cláudio Lula da Silva, dono da empresa LFT Marketing Esportivo, com R$ 209 mil – ele é investigado na Operação Zelotes por ter recebido R$ 2,4 milhões da quadrilha que comprava medidas provisórias no governo Dilma. A Flexbr Tecnologia, de Marcos Claudio Lula da Silva, enteado do ex-presidente e vereador de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, recebeu R$ 88 mil. Sandro Luiz Lula da Silva, outro filho do líder petista, embolsou R$ 60 mil.

Tanto as entradas quanto as saídas de dinheiro na L.I.L.S. foram apontadas pelo Coaf como suspeitas. De acordo com o relatório, houve “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”. O cliente, nesse caso, é Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de ter movimentado R$ 52,3 milhões em créditos e débitos, o ex-presidente tem uma renda mensal de R$ 3.753,36, de acordo com o órgão de inteligência do Ministério da Fazenda. Segundo fontes na Lava Jato, as transações financeiras da L.I.L.S. e do Instituto Lula, registrados no nome do ex-presidente, estão sendo investigadas na operação.

Procurada, a assessoria de imprensa do Instituto Lula não respondeu objetivamente às questões enviadas. Os advogados da família de Lula disseram que não vão se manifestar “sem terem acesso aos documentos que embasam as perguntas do repórter. Até porque o tema que pretende discutir é de natureza bancária, que é protegido por lei e pela Constituição Federal”.



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