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Cristina Mautoni é investigada na Zelotes e prestou depoimento nesta terça.
Ela disse não ter conferido se serviço pago foi efetivamente prestado.


A engenheira Cristina Mautoni, acusada de intermediar propinas para compras de medidas provisórias durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou em fevereiro ter realizado um depósito para a empresa LFT Marketing Esportivo, pertencente a um dos filhos do ex-presidente e contratada por sua consultoria, a Marcondes e Mautoni.
Em depoimento à Justiça Federal, Cristina Mautoni disse, no entanto, não ter conferido se o serviço foi efetivamente prestado pela empresa de Luís Claudio Lula da Silva.
O negócio faz parte das investigações da Operação Zelotes, que investiga corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), com compra de resultados de julgamentos no órgão, e também suposto pagamento de propina para aprovar leis com incentivos fiscais para a indústria automotiva.
Segundo as investigações do Ministério Público, a LFT recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes e Mautoni.
A defesa de Luís Claudio sustenta que os serviços foram efetivamente prestados pela LFT. A Polícia Federal suspeita, porém, que a empresa serviu para repasse de propina.
Durante todo seu depoimento à Justiça, nesta terça, Cristina disse que não participava das reuniões com os clientes e fornecedores da consultoria de que é sócia e que todos os negócios eram conduzidos por seu marido e também sócio Mauro Marcondes, também acusado no caso.
Ao responder questionamento do Ministério Público sobre o serviço prestado pela LFT, Cristina disse que não leu o material entregue. “Olha, eu não li. Tinha um laudo desse relatório. Eu não li, como não lia nada”, afirmou.
A PF diz que o trabalho da LFT é um estudo de "baixa complexidade" com trechos copiados da internet, como do site Wikipédia, uma enciclopédia colaborativa alimentada pelos próprios internautas.
E-mails e pagamentos
Em uma hora e meia de depoimento à Justiça, Cristina reiterou várias vezes que seu papel na Marcondes e Mautoni se limitava a repassar e-mails para seu marido, Mauro Marcondes, e a realizar pagamentos, sempre por ordens dele, sem participar dos negócios.
“Não consegui entender por que estou presa, se não fui contratada por nenhuma das empresas, nunca as empresas falaram comigo, só me procuravam para falar com o Mauro”, afirmou, em referência a contratos com montadoras como a MMC (Mitsubishi) e a Caoa (Hyundai), suspeitas de pagarem propina para aprovar os benefícios fiscais.
Ela chorou em vários momentos do depoimento, pedindo liberdade para poder cuidar de sua filha, que tem 14 anos. Também disse que na época em que a medida provisória foi aprovada, em 2009, passava boa parte do tempo cuidando do pai, que estava internado e morreu no ano seguinte.




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