O chamado “Renangate” — escândalo que custou a presidência do Senado a Renan Calheiros (PMDB-AL) em 2007 e que agora coloca o político alagoano no banco dos réus — é recheado de episódios que poderiam estar num belo roteiro de filme.
O caso veio à tona em 26 de mais daquele ano, quando a revista “Veja” publicou uma reportagem afirmando que o Renan, então presidente do Senado e um dos nomes em ascensão na política nacional, recebia propina do lobista Cláudio Gontijo, operador da empresa Mendes Júnior.
A grana — R$ 25 mil, em valores atuais — seria repassada mensalmente para o senador, para que ele pudesse pagar as despesas da jornalista Mônica Veloso, com quem havia tido uma filha durante caso extraconjugal mantido entre 2004 e 2006. Mônica era conhecida na cidade por ter sido âncora de um jornal local na TV.
Os valores altos recebidos por Mônica como pensão eram tidos, pela Polícia Federal, como incompatíveis com a renda do senador.
Após a acusação, Renan foi à tribuna e apresentou documentos que apontavam que ele havia ganho R$ 3 milhões, em valores atuais, durante os quatro anos anteriores, com a venda de cabeças de gado. Em apoio, a mulher do senador, Verônica, foi ao plenário acompanhar o pronunciamento.
A papelada apresentada pelo senador provocou nova desconfiança da polícia. Perícia nos documentos apontou que as notas fiscais apresentadas eram também incompatíveis com o valor que ele alegava ter recebido.
Em 5 de setembro de 2007, o Conselho de Ética e a Comissão de Constituição e Justiça deram aval para que a Casa cassasse Renan. Apesar da situação, Renan não deixou o cargo de presidente.
A permanência do senador foi decidida uma semana depois, em 12 de setembro: 35 senadores votaram pela cassação de Renan, seis votos a menos do que o necessário para cassá-lo. A sessão foi marcada por bate-bocas e empurra-empurra, já que alguns deputados tentavam acompanhar a votação, que era secreta.
Ainda pressionado, Renan se licenciou da presidência da Casa em outubro e, posteriormente, deixou em definitivo o cargo de presidente do Senado. No mesmo mês, a revista “Playboy” estampou a jornalista Mônica Veloso em sua capa. Em um dia, todos os exemplares que estavam à venda nas bancas do Congresso se esgotaram. Alguns senadores foram vistos folheando a edição.
A jornalista ainda lançou o livro “O poder que Seduz”, no qual narrava sua relação com Renan.
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