“Fui provocado para aquelas entrevistas, achei que deveria dizer alguma coisa à imprensa internacional, já que houve manifestações [de Dilma] em relação à imprensa internacional, especialmente pretendendo desqualificar a minha posição. Aí não é a coisa do vice-presidente, é uma coisa do Brasil, acho que o Brasil não merece desqualificação por meio de eventuais agressões à Vice-Presidência”, disse Temer em entrevista na saída de seu gabinete, no anexo do Palácio do Planalto.
E endurecendo: "Nós não somos amigos porque ela não se considerava minha amiga”, declarou o vice, numa clara demonstração de que neste momento, qualquer aproximação entre os quause ex-presidente e futuro presidente é impossível.
Nos últimos dias, Dilma endureceu as críticas sobre o impeachment contra ela que tramita no Senado, classificando o processo de golpe. Dilma está em Nova York para a cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre mudança do clima ma Organização das Nações Unidas (ONU). Antes de embarcar de volta ao Brasil, a presidenta concedeu entrevista a jornais estrangeiros em que disse que há uma “gravíssima aventura golpista” em curso no país.
Ontem (21), Temer deu entrevistas ao The New York Times, ao Financial Times e ao Wall Street Journal em que negou que esteja conspirando contra Dilma, disse que está preocupado com as declarações da presidenta sobre o Brasil no exterior, como se o país fosse uma “república menor” onde “ocorrem golpes”. Ao The New York Times, Temer disse ainda que passou quatro anos no “ostracismo absoluto”.
Impeachment e equipe de governo
Sobre o eventual afastamento de Dilma, o vice-presidente voltou a dizer que vai aguardar “silenciosa e respeitosamente” a decisão do Senado. Perguntado sobre as conversas que têm tido para montar a equipe de seu possível governo, Temer respondeu que está “apenas ouvindo”.
“Naturalmente, estou sendo procurado por muita gente, estou ouvindo muita gente, mas apenas ouvindo, nada mais do que ouvindo.”
O presidente em exercício disse ter considerado “adequado” o discurso de Dilma na ONU, em que a presidenta afirmou que a sociedade brasileira saberá impedir retrocessos, mas sem mencionar a palavra golpe.
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