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O empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já falecida, afirmou em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES que uma de suas empresas, a Exergia Brasil, recebeu entre US$ 1,8 milhão e US$ 2 milhões por serviços prestados à Odebrecht, na obra de ampliação da hidrelétrica de Cambambe, em Angola.

Segundo Santos, foram vários contratos com a empresa para sondagem, avaliação da topografia e gerenciamento de obras. Ele negou que a relação familiar com Lula e a amizade com o filho do ex-presidente, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, tenha influenciado nos contratos, e disse que todos foram obtidos em licitações dentro da Odebrecht.


Santos, porém, reconheceu que não tinha expertise na área. Antes, ele era dono de uma empresa para reforma de fachadas e troca de vidros de prédios e morava em um apartamento de quarto e sala. Disse que foi para Angola atrás de contratos, onde foi apresentado por um amigo angolano ao presidente da Exergia S.A., de Portugal, que lhe propôs o acordo.

O empresário afirmou que virou sócio minoritário da Exergia Brasil em 2009, com 49% do capital social de R$ 2,5 milhões, e que obteve o primeiro contrato em 2011, mesmo ano em que o BNDES teria feito um empréstimo para a Odebrecht executar as obras na hidrelétrica. O contrato está sob investigação do Ministério Público.

Santos foi questionado pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) sobre os motivos de ter virado sócio de uma multinacional portuguesa. “O senhor não tinha expertise, não tinha capital, tudo o que o senhor tinha era uma relação de parentesco com o ex-presidente Lula”, afirmou.

Santos rebateu que a Exergia Brasil não tinha acervo técnico, mas que a sede em Portugal já tinha trabalhado para a Odebrecht e afirmou que não sabe sobre os financiamentos do BNDES e que, embora tenha muita estima pelo ex-presidente Lula, não pode se considerar amigo dele. “Às vezes tenho contato. Ele [Lula] nunca foi na minha casa, eu nunca fui na dele, então não posso considerar amigo, mas é uma pessoa que estimo muito”, afirmou.

O empresário disse que foi para Angola com outro projeto, para abrir uma empresa de manutenção de caminhões da Volkswagen no país, e que os contratos com a Odebrecht foram firmados como outras milhares de empresas, por concorrência apresentando o menor preço. “A Exergia Brasil foi aberta em 2009 e só ganhou o primeiro contrato em 2011. Não tem fórmula mágica”, disse.

Santos confirmou ainda que uma outra empresa executou uma reforma de US$ 750 mil em uma casa de alto padrão em Angola, mas disse que outro contrato registrado no Ministério de Relações Exteriores, de US$ 1 milhão para um projeto de uma fazenda hidropônica, não foi para frente porque a empresa não recebeu o dinheiro do serviço.

Questionado sobre a mudança de vida depois da abertura da empresa, o “sobrinho” do ex-presidente Lula confirmou que comprou uma cobertura em Santos (SP) de 255 metros² e uma Land Rover, mas disse que ambos foram financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF) e que, com a dificuldade nos negócios por causa da queda do barril do petróleo, atrasou parcelas dos empréstimos e o apartamento corre risco de ir a leilão, assim como o carro.



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