Porta-vozes da Chancelaria brasileira explicaram que ainda não foi decidido se será dada uma resposta ao anúncio feito pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que nesta sexta-feira revelou que havia "pedido" ao embaixador Castellar que viajasse para Caracas após o que classifica como "golpe de Estado" contra Dilma.
Não está descartada uma resposta muito dura ao boquirroto venezuelano, que atravessa uma grave crise política, de abastecimento e empobrecimento em seu próprio país. Uma ruptura diplomática com o Brasil agravaria a crise interna devido à grande influência econômica do Brasil perante seus vizinhos e isolaria ainda mais a Venezuela no cenário internacional.
Em discurso pronunciado em emissora de rádio e televisão, Maduro qualificou a decisão do Senado brasileiro de "canalhice contra Dilma, contra sua honra, contra a democracia, contra o povo brasileiro".
Quase ao mesmo tempo, a Chancelaria brasileira, agora dirigida pelo veterano político José Serra, emitiu dois comunicados nos quais rejeitou as opiniões proferidas pela Unasul, a Alba, e os governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua sobre a suspensão de Dilma Rousseff.
Serra é o primeiro chanceler político que o Brasil tem desde 2002 e era previsto um forte giro na política externa do país, que começou a se expressar nesta sexta-feira, no dia seguinte que Temer assumiu o poder após a suspensão de Dilma.
Em uma nota, o Brasil acusou os "bolivarianos" de "propagar falsidades" e, em comunicado separado, "repudiou" a posição do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, que considerou "incompatíveis" com seu cargo.
Samper, que presidiu a Colômbia entre 1994 e 1998, considerou que o processo iniciado no Brasil poderia violar "o princípio de separação de poderes" ao outorgar ao parlamento "a possibilidade de criminalizar atos administrativos".
Os governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, por sua vez, advertiram sobre uma possível "ruptura democrática" e tanto Maduro como o presidente boliviano, Evo Morales, qualificaram o ocorrido com Dilma como um "golpe".
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