Machado não aguentou a pressão e se afastou temporariamente em novembro de 2014 – ele continua renovando sua licença anualmente –, mas qualificou a acusação de “leviana” e “absurda”. Em dezembro de 2015, a Polícia Federal bateu à porta da casa de Machado para cumprir um mandado de busca e apreensão em um dos desdobramentos da Operação Lava-Jato. Segundo a reportagem do jornal O Povo, Machado estava em casa e se negou a liberar a entrada dos agentes que tiveram que chamar um chaveiro para acessar à residência.
Desde então, Machado transmitia sua inquietação pelo avanço das investigações à cúpula do PMDB, incluindo o presidente do Senado. Nas gravações divulgadas nesta segunda-feira pela Folha de S. Paulo, Machado ilustrava assim seu receio ante Jucá, com quem, segundo ele, tinha mais intimidade: “O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho […] Ele acha que eu sou o caixa de vocês.” Janot pediu, em maio, que o ex-presidente da Transpetro fosse incluído no inquérito-mãe da Lava Jato no Supremo.
Antes de virar ele mesmo um candidato a homem-bomba, Machado já havia sido citado pelo homem-bomba do PT, o ex-senador Delcídio Amaral, preso em flagrante sob a acusação de obstaculizar as investigações e cuja delação ameaça além da cúpula petista, Aécio Neves e até o presidente interino Michel Temer. “Seguidas vezes o vi, semanalmente, despachando com Renan na residência oficial da Presidência do Senado”. Delcídio, conforme publicou a revista Época, reconhece no seu depoimento que não pode prová-lo, mas explica que “por sua proximidade com Renan, o tempo de permanência e os níveis das contratações realizadas pela Transpetro”, haveria valores relacionados a contratos dessa empresa que foram repassados a políticos a título de propina.
Entre as qualidades que levaram a Machado a ser o mais longevo diretor da Transpetro está esse seu bom trânsito em Brasília e seu empenho em aprender do negócio. O peemedebista, que chegou a tocar uma fábrica de jeans da sua família, começou sua trajetória política no PSDB do Ceará e se elegeu deputado federal em 1990. Em 1994, ganhou a eleição para o Senado, e tornou-se líder do governo Fernando Henrique Cardoso. Em 2001, o cearense trocou os tucanos pelo PMDB e, um ano depois, tentou conquistar sem sucesso o cargo de governador do seu Estado. Naquele mesmo ano, ele escolheu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Esse seria seu passe para que, no ano seguinte e com apoio do Renan, ele chegasse à Transpetro.
Seis anos atrás, atribuiu-se a ele, num perfil do portal IG, uma frase que dizia: “Quem quer crescer não pode ser a única árvore na floresta”. Hoje, entre outras frases instantaneamente lendárias, resta a que ameaça com derrubar a floresta toda: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu desça [à primeira instância em mãos do juiz Sergio Moro]? Se eu descer…”
Desceu... e vai levar os corruptos do PMDB junto com ele!
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