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Presidente da República afastada foi arrolada como testemunha do empreiteiro em ação penal em que ele é réu por associação criminosa e lavagem de dinheiro, acusado de comandar um departamento na Odebrecht destinado ao pagamento de propina


O juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações penais da Operação Lava Jato em Curitiba, enviou nesta terça-feira um ofício à presidente da República afastada, Dilma Rousseff, consultando-a sobre a possibilidade de prestar depoimento como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht. A ação penal da Lava Jato em que Dilma foi arrolada como testemunha tem o empreiteiro entre os réus por associação criminosa e lavagem de dinheiro, acusado de comandar um departamento na Odebrecht destinado ao pagamento de propina. A lista de testemunhas selecionadas por Odebrecht está na última folha de sua defesa prévia entregue a Moro, em maio.

"Consulto Vossa Excelência acerca da possibilidade de prestar depoimento presencial perante este Juízo ou por videoconferência com a Justiça Federal de Brasília, ou ainda se prefere fazê-lo por escrito", escreveu Moro a Dilma, dirigindo-se a ela como "Excelentíssima Senhora Presidenta da República". O prazo estipulado pelo magistrado para que a presidente afastada se manifeste é de cinco dias. Já condenado a 19 anos e quatro meses de prisão na Lava Jato, Odebrecht arrolou como testemunhas, além de Dilma, os ex-ministros Guido Mantega, Antonio Palocci e Edinho Silva, e outras onze pessoas. A defesa de Marcelo Odebrecht não explicou no documento que testemunhos Dilma e os ex-ministros poderiam dar a seu favor, limitando-se apenas a dizer que é "imprescindível a oitiva" de todas as testemunhas listadas.

Conforme já revelado, o senador cassado Delcídio do Amaral deixou uma reunião com a petista espantado com o que classificou como "autismo" da presidente e o aparente desconhecimento dela sobre o umbilical envolvimento financeiro do PT com as empreiteiras implicadas na Lava Jato. "Presidente, a prisão [de Marcelo Odebrecht] também é um problema seu, porque a Odebrecht pagou no exterior pelos serviços prestados por João Santana à sua campanha", disse o agora delator Delcídio a Dilma.

"Operações estruturadas"
As investigações da 26ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Xepa, escancararam o sistema de pagamento de propina instalado na Odebrecht: a empreiteira contava com um departamento exclusivo para pagamentos ilícitos, o Setor de Operações Estruturadas. Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, a secretária Maria Lúcia Tavares revelou que todos os pagamentos paralelos deviam constar no sistema MyWebDay, uma espécie de 'intranet da propina' da Odebrecht. O sistema era de tal maneira organizado que altos executivos da empresa eram os responsáveis por liberar os pagamentos ilícitos.

O departamento da propina era composto, além de Maria Lúcia, de Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, superior hierárquico da secretária, e também de Ângela Palmeira Ferreira, Alyne Nascimento Borazo e Audenira Jesus Bezerra. As duas últimas davam apoio a Fernando Migliaccio da Silva, Luiz Eduardo da Rocha Soares e Hilberto Silva. Outros executivos de alto escalão também integravam o sistema - incluindo o herdeiro Marcelo Odebrecht.



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