Não foi por acaso. A troca é o símbolo mais evidente de uma guinada estratégica que o petista vem formulando internamente para tentar reatar com suas bases eleitorais e sobreviver politicamente.
Não chega, porém, a ser uma tática inédita. Em sua trajetória, o ex-presidente sempre voltou às origens nos momentos de crise.
Segundo pesquisas, Lula é rejeitado por 46% do eleitorado –o pior índice entre os testados para a eleição presidencial de 2018. Apesar de liderar os cenários para o primeiro turno, não aparece numericamente à frente de nenhuma hipótese de segundo turno.
O ápice do desgaste culminou com o afastamento de sua afilhada política, Dilma Rousseff, da Presidência.
Nesse cenário, Lula decidiu mergulhar no ambiente que lhe é mais afeito. Passou a priorizar agendas com movimentos de esquerda e viagens ao Nordeste –na região, é o presidenciável preferido de 39% da população.
APOIO A HADDAD
Seguindo a mesma lógica, a cúpula do PT quer priorizar sua participação nas eleições municipais às periferias das grandes cidades, principalmente em São Paulo.
Durante convenção que formalizou a candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad, no domingo (24), Lula mais uma vez usou o chapéu de cangaceiro e disse que era preciso "ir para a periferia falar com nosso povo".
Diante da rejeição ao PT na cidade e dos 8% de intenção de votos de Haddad no Datafolha, a ordem na sigla é reconquistar o eleitorado petista, que perdeu musculatura nos últimos anos.
Lula tem se dedicado pessoalmente a isso, de olho não só nas eleições municipais, mas em sua biografia.
São comuns relatos de que o ex-presidente exibe agora certo "abatimento", o que também teria favorecido a busca por sua "zona de conforto". Aliados têm dito que ele se "re-energiza" e "ganha fôlego" ao desempenhar atividades com eleitores fiéis.
Há menos de duas semanas, no Nordeste, visitou assentamentos de sem-terra e cooperativas de agricultores.
Lula recorreu ao mesmo expediente em 2006, quando disputou a reeleição logo após o estouro do escândalo do mensalão. À época, fez campanha distribuindo panfletos na porta de uma fábrica de automóveis no ABC paulista, seu berço político.
Em 2010, quando tentava eleger a sucessora, repetiu a agenda em circunstâncias semelhantes ao lado dela.
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