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Alvo de ataques da oposição e de fogo amigo de partidos de sua base, o presidente Michel Temer sofre com uma rebelião de parte de seu próprio partido, o PMDB.

Dirigentes do núcleo afro da legenda fazem duras críticas ao que consideram uma falta de atenção do presidente ao setor e apontam retrocesso na entrega da Secretaria de Igualdade Racial ao PSDB. Em junho, Temer nomeou a tucana Luislinda Valois, primeira mulher negra a se tornar juíza no país, para o cargo.

A Folha ouviu integrantes do grupo nos últimos dias, alguns sob anonimato. A queixa generalizada é que o governo ignorou o partido na discussão das políticas de igualdade racial, tema que pouco interessaria ao Planalto.

"Se ele [Temer] não olha nem para os negros do partido, que dirá para os demais. Tivemos mais espaço no governo Lula e Dilma", diz Eudes Carvalho, presidente do PMDB Afro de Sergipe. "Esse governo Temer é do preconceito, do racismo e da discriminação. Quer colocar a gente na senzala de novo."

O presidente do núcleo do Paraná, Saul Dorval da Silva, diz que "nem o governo nem a cúpula que o cerca" os ouvem. "Isso nos revolta, todas as ações afirmativas não estão sendo tocadas. Queremos a demissão imediata da secretária. Essa atual gestão, além de paralisada, não sabe o que está fazendo, é um retrocesso."

A presidente do PMDB Afro paulista, Tatiane Cardoso, também fez críticas em redes sociais. À Folha, porém, disse apoiar Temer e "todas as pessoas que ele escolheu".

Presidente nacional do núcleo, Vanderlei Lourenço contemporiza: "A escolha da direção da condução das políticas para os negros foi do governo e, naturalmente, gerou certo descontentamento em alguns companheiros. Mas a gente busca o diálogo institucional com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil)".

Valois diz se surpreender com as críticas. "Estou sabendo agora dessa insatisfação. A porta do meu gabinete está sempre aberta, não levo em conta partido A, B ou C."

A secretária afirma que está encaminhando todas as demandas ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem a pasta está agora subordinada e que as questões têm sido bem recebidas.

Em nota, o Planalto afirmou que "o PMDB tem o maior apreço pelas políticas de igualdade racial e o governo já recebeu esse grupo várias vezes. A prova disso foi a escolha para o cargo uma pessoa do gabarito da secretária".



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