Horas antes, o chefe do Gabinete Pessoal de Dilma, Jaques Wagner, a quem Lula sucedeu na quinta-feira passada na Casa Civil, afirmou que o ex-presidente poderia ajudar o governo como assessor se o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir manter a suspensão de sua nomeação. A decisão foi tomada pelo ministro Gilmar Mendes na sexta-feira passada por considerar que Dilma ofereceu a seu antecessor a pasta mais importante de seu gabinete "claramente" com o propósito de "impedir" um possível detenção de Lula.
No entanto, Lula voltou a negar que tivesse aceitado o cargo para proteger-se com o foro privilegiado, que o blinda perante os tribunais comuns, e sustentou que a única razão é ajudar o Brasil "a sair da crise".
"Dilma já me chamou em agosto do ano passado e eu não quis (aceitar um ministério) porque não cabem dois presidentes dentro de um mesmo espaço. Mas agora, com a crise política e os adversários cada vez apertando mais a Dilma, venho fazer o que sei fazer melhor, que é conversar", declarou aos sindicalistas.
O ex-presidente está sendo investigado em diversos processos e o Ministério Público de São Paulo chegou a pedir sua prisão preventiva após acusá-lo formalmente dos delitos de lavagem de dinheiro e falsificação ideológica.
Sobre essas acusações, Lula disse que "o nordestino que não morreu aos cinco anos, que escapou da fome e chegou à presidência da República, não vai desistir por uma dúzia de acusações...Continuem acusando".
Lula também se mostrou crítico com os rumos da Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sergio Moro, responsável por sua condução coercitiva a uma delegacia para prestar depoimento e por autorizar a monitoração das comunicações do ex-presidente.
"A operação de combate à corrupção é uma necessidade para esse país. Mas é bom vocês se reunirem, fazerem uma pesquisa, por que quando tudo isso terminar pode ter muita gente presa, mas pode ter muito desempregado nesse país", advertiu.
Lula também aproveitou a oportunidade para criticar a oposição, que impulsiona no Congresso o processo de impeachment de Dilma, e destacou que não existem argumentos para que a presidente seja cassada. "Não há outra palavra, é um golpe e o país não pode aceitá-lo", concluiu.
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