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Documentos encontrados pela Polícia Federal na residência do publicitário João Santana e de sua esposa Monica Moura em Camaçari, Bahia, poderão complicar ainda mais a vida do casal, que está preso desde 23 de fevereiro, na Operação Acarajé, a 23ª fase da Operação Lava-Jato. São anotações, e-mails, notas fiscais e cópias de contratos de campanha e de compra de imóveis de luxo. João Santana foi responsável pelo marketing das campanhas à Presidência da República de Dilma em 2010 e 2014 e de Lula em 2006.

Ao recolher documentos na casa do casal na Rua do Mé, em Camaçari, os policiais se depararam com informações que podem comprovar parte do esquema de sonegação, caixa dois e lavagem de dinheiro em campanhas internacionais. Em uma caixa de documentos na qual o casal escreveu "Dominicana", há diversos documentos referentes a movimentações financeiras, entre 2011 e 2013, em um banco do Caribe.

Nessa pasta Dominicana, consta uma planilha intitulada "Caixa de Produção Curitiba - Danilo/Jaime Lerner - 29.07.11", com descrição de valores movimentados e em algumas dessas movimentações financeiras constam a observação: "SEM NOTA JÁ COM 10%". Outra planilha faz referência à "Caixa de Produção Brasília - Danilo. BSB - 26.07.11" e em alguns desses valores movimentados consta também a observação: "SEM NOTA JÁ ESTÁ COM 7% DE DESCONTO". Numa terceira planilha, "Caixa de Produção Rio de Janeiro. Danilo - 28.07.11", a mesma anotação: "CACHÊS SEM NOTA JÁ ESTÃO COM 8% DE DESCONTO".

Dominicana e Danilo podem ser uma referência a transferências de recursos da eleição de Danilo Medina, na República Dominicana, mas por enquanto, a Polícia Federal não tirou nenhuma conclusão sobre o material apreendido. A PF diz que é um trabalho preliminar, que poderá identificar questões que poderão ser aprofundadas com o andar das investigações. O relatório, que foi enviado à Justiça Federal em Curitiba, busca evidenciar entre os materiais apreendidos documentos que tenham relevo para a investigação e que possam ser confrontados com o que já foi apurado.

Na casa de Camaçari havia ainda diversos contratos particulares do casal com o Partido dos Trabalhadores, que também poderão ajudar a montar o quebra-cabeças. Ao que se sabe até agora, o casal recebeu 193 milhões de reais do PT entre 2004 e 2015. Em Camaçari, a PF encontrou cartões de visitas do Instituo Lula e de Clara Ant, diretora da instituição. Lula é investigado por ter atuado em diversos países para defender os interesses da Odebrecht, entre eles República Dominicana, Venezuela, Panamá e Angola.

Angola também apareceu na busca e apreensão da PF em Camaçari. A documentação inclui comprovante de transferência internacional (swift) de MPL Contribuições, de Luanda, para a Polis de João Santana, no valor de 10 milhões de dólares (34 milhões de reais) em 2012, tendo como beneficiária a Polis Propaganda. O valor total do contrato, segundo os documentos apreendidos, foi de 45 milhões de dólares (145 milhões de reais). O contrato foi assinado com o então secretário do bureau político da campanha do presidente José Eduardo Santos.

A documentação encontrada em Camaçari também poderá trazer mais luz sobre diversos imóveis que a dupla teria comprado. A polícia encontrou documentos contábeis da empresa Polistepeque, constituída em El Salvador, no nome da qual está um apartamento luxuoso do casal em Nova York. Há também documentos comprovando transferências da Polis para a empresa Cine & Art, no Panamá. Há referência a um apartamento de 3 milhões de reais no Leblon, no Rio, sobre o qual a polícia não encontrou registros oficiais nas transações bancárias feitas por João Santana e Mônica. Há também registros sobre a compra de um apartamento de 7,3 milhões de reais em um bairro nobre de Salvador e mensagens de Mônica com uma tabela de gastos do casal na qual constam pagamentos em oito condomínios de luxo.

A PF vai cruzar tudo com as declarações de renda e as movimentações financeiras do casal.



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