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Após se posicionar contra o impeachment, a líder da Rede, Marina Silva já admite que a que a queda da presidente Dilma Rousseff é inevitável. Marina ainda se mantém contra o impeachment justamente pelo fato de que não poderá ocupar a presidência do país antes do término do prazo constitucional do mandato da chapa vencedora das últimas eleições, formada por sua colega Dilma e o vice-presidente Michel Temer.

Como manda a constituição, o vice-presidente assume o cargo de mandatário da nação, caso a presidente seja cassada através de um processo de impeachment no Congresso. Diante deste fato, a líder da Rede demonstrou seu inconformismo com a situação, já que não contempla seu interesse imediato, que é o de encurtar o caminho legal para chegar à presidência.

Como alternativa que atenda melhor aos seus interesses, Marina defendeu que Dilma deveria ter seu mandato cassado pela justiça eleitoral pelo fato de ter usado dinheiro roubado da Petrobras em suas campanhas presidenciais de 2010 e 2014. Neste caso, o TSE cassaria a chapa Dilma-Temer e convocaria novas eleições ainda este ano e Marina poderia concorrer livremente.

Para Marina, o problema do impeachment é que Michel Temer pode assumir a presidência e acabar com o aparelhamento do PT no governo e nas estatais. São mais de cem mil militantes do PT ocupando cargos no primeiro, segundo e terceiro escalão do governo, recebendo salários que podem ultrapassar os R$ 30 mil reais. Apenas na Casa Civil, são cerca de 30 mil cargos comissionados.Há poucos dias, o partido da ex-senadora, a Rede Sustentabilidade, foi agraciado com 23 cargos comissionados para a sua estrutura na Câmara dos Deputados ao custo de mais de R$ 3 milhões anuais para o contribuinte.

Marina pretendia evitar justamente isso, pois tem muitos amigos petistas entre os nomeados pelo governo, além de contar com a simpatia dos outros nomeados pelo PT, já que fez parte do partido por quase 25 anos e participou das nomeações, pois fez parte do governo Lula entre 2003 e 2009. Marina estava presente quando Lula e Dilma nomearam os diretores que participaram dos esquemas bilionários de desvios na Petrobras e em outras obras superfaturadas como a Usina de Belo Monte e o complexo petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj.

Para Marina, o risco de perder o aparelhamento da máquina pública promovido ao longo dos últimos 14 anos é um risco muito alto, já que perderia uma grande rede de apoiadores e cúmplices. Mas Marina não desistiu. Com o avanço inexorável do processo do impeachment de sua colega, a líder da Rede lançou uma campanha com o objetivo de aplicar um novo modelo de golpe constitucional e passou a pregar a convocação de eleições gerais logo após a cassação de Dilma pelo Congresso.

Desta forma, Marina, que procurou se preservar durante os momentos críticos vividos pelo Brasil nos últimos dois anos, como a tragédia de Mariana e as revelações escabrosas da Lava Jato, acredita que teria mais chances de ganhar uma eleição antecipada.

Marina também tem evitado romper seus fortes laços com a militância petistas, mantidos críticas à Operação Lava Jato e chegou a se posicionar contra uma eventual prisão de Lula. Não se sabe se a líder da Rede tem um acordo direto com Lula e interlocutores do PT nos bastidores. Mas o fato é que, uma vez eleita, Marina conseguiria preservar o gigantesco aparelhamento da máquina governamental promovido por ela e pelo PT nos últimos 14 anos e salvar o emprego de muitos companheiros.



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