A denúncia inaugural enviada ao juiz Sérgio Moro injeta o tríplex do Guarujá e o aluguel de contêiners pela OAS no contexto geral da corrupção, caracterizando Lula como ''general'' da bandalheira. E ainda há muito por vir. Lula é acusado ou suspeito —em Curitiba e alhures— de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de inflência, obstrução da Justiça e formação de quadrilha. Traduzindo-se o pesadelo do linguajar do Código Penal para o português das ruas, Lula foi reduzido à condição de um reles suspeito de se beneficiar de dinheiro sujo.
Lula lutou para fugir de Sérgio Moro. Sua penúltima tentativa resultou numa bronca do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Ao negar novo pedido da defesa do ex-presidente para suspender inquéritos que correm contra ele em Curitiba, Teori anotou que a peça não passava de mais uma das inúmeras tentativas de “embaraçar as investigações.”
O morubixaba do PT tem motivos para temer Sérgio Moro. Sem alarde, o juiz encostou a Lava Jato na jugular de Lula. Primeiro, avalizou a inclusão do tríplex 164-A, que a OAS reservara para a família Silva no célebre prédio do Guarujá, no rol de imóveis investigados na Operação Triplo X.
Na sequência, Moro liberou a Polícia Federal para abrir, na mega-investigação do assalto à Petrobras, um inquérito específico sobre o sítio de Atibaia, cuja utilização foi terceirizada a Lula —livre de ônus e sem prazo— por dois sócios do primogênito Fábio Luiz da Silva, o Lulinha.
Logo, logo Moro enviará Lula ao banco dos réus. E estará pronto para intimá-lo a prestar depoimentos. Nessa hora, a pose de perseguido político e as notas oficiais do Instituto Lula terão pouca serventia. O depoente terá de oferecer explicações. Algo que vem sonegando até aqui. Talvez por não dispor de matéria-prima.
Lula enfrenta agora o adversário mais implacável de toda sua carreira: a lei. Contra esse rival, sua retórica fácil, os palanques e as plateias amigas terão pouca serventia. O trabalho da força-tarefa da Lava Jato acaba de tornar Lula candidato a uma pena de pode variar de 4 anos a 16 anos de cadeia. De resto, Lula virou também candidato a ex-candidato às eleições presidenciais de 2018.
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