Palocci foi ministro da Fazenda (2003-06) do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil (2011) do governo Dilma Rousseff. Em 2010, quando a petista se elegeu pela primeira vez presidente, ele foi o coordenador de campanha.
De acordo com a PF, o ex-ministro e "personagens de seu grupo político" foram beneficiados com vultosos valores ilícitos. "A atuação de Palocci se deu inclusive no período em que exerceu relevantes funções públicas, envolvendo constante interlocução e diversos encontros", declarou o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR).
Palocci foi ministro de Lula e de Dilma Para a PF, foram identificadas negociações quando Palocci era ministro que acabaram por beneficiar a empreiteira. "Foi possível delinear as tratativas entre o Grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009 (que resultaria em imensos benefícios fiscais), aumento da linha de crédito junto ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para país africano [Angola] --com a qual a empresa tinha relações comerciais--, além de interferência no procedimento licitatório da Petrobras para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal".
Segundo o MPF-PR, análise detalhada de e-mails e anotações registradas em celulares apreendidos em outras fases da Lava Jato comprovam a atuação de Palocci no esquema.
Os investigadores alegam que e-mails e anotações indicam que os acertos de pagamentos das propinas eram tratados em reuniões com a presença de Palocci realizadas por diversas vezes nos endereços residencial e profissional do ex-ministro.
O criminalista José Roberto Batochio, advogado de Palocci, afirmou que o ex-ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. Batochio disse que ainda não tem detalhes sobre os motivos da prisão de Palocci.
"As investigações apontaram, ainda, evidências de que a atuação do ex-ministro e de Branislav ocorreu mediante o recebimento de propinas pagas pelo grupo empresarial, dentro de um contexto de uma espécie de 'caixa geral' de recursos ilícitos que se estabeleceu entre a Odebrecht e o Partido dos Trabalhadores", diz o MPF-PR.
Segundo as investigações, em planilha apreendida durante a operação identificou-se que, "entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci". "Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores", afirma o MPF-PR.
Ainda de acordo com o órgão, "verificou-se que, mesmo após a deflagração da Operação Lava Jato, continuaram a ocorrer comunicações e encontros entre executivos da Odebrecht e Antônio Palocci, até, pelo menos, maio de 2015. Neste período final, as comunicações passaram a ser realizadas de forma mais cautelosa, por meio da utilização de dispositivos criptografados".
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