Segundo o jornal francês Le Monde, o juiz Sérgio Moro "está disposto a enfrentar a controvérsia de uma acusação baseada em frágeis indícios, já tendo demonstrado capacidade de gerenciar a emoção de milhares de brasileiros que consideram o ex-presidente um ídolo".
Para o jornal Le Parisien, "o ex-homem forte e carismático da América do Sul deverá, agora, se explicar diante da justiça e da opinião pública".
Palco para processo politizado
O britânico The Guardian avalia que está montado "o palco para o processo judicial mais politicamente sobrecarregado da história moderna do Brasil", ressaltando que o novo presidente brasileiro, Michel Temer, também está implicado no escândalo.
"Os promotores alegam que Lula manteve seu partido - e seus aliados, incluindo o PMDB de Temer - no poder, com os fundos ilegalmente obtidos a partir de contratos superfaturados de empresas administradas pelo governo, como a Petrobras", explica o The Guardian.
"Mas defensores do Partido dos Trabalhadores afirmam que a operação Lava Jato é politicamente tendenciosa e que a maioria dos acusados não seria julgada em outras partes do mundo." The Guardian finaliza o texto dizendo que o medo dos políticos em Brasília é tão grande que os deputados tentaram, ontem, votar um projeto na Câmara para anistiar os que recorreram ao caixa dois em eleições passadas.
Denúncias frágeis?
O diário espanhol El Pais, em sua versão para o Brasil, analisa os "recados" enviados pelo juiz Sérgio Moro em seu despacho, principalmente no que diz respeito à fragilidade das denúncias. São citadas as frases "certamente, tais elementos probatórios são questionáveis”, mas “nessa fase preliminar, não se exige conclusão quanto à presença da responsabilidade criminal, apenas justa causa”. El País sublinha que na percepção de Moro "tornar os acusados réus não equivale a ter juízo conclusivo quanto à presença da responsabilidade criminal”.
Nos Estados Unidos, o New York Times lembra que Lula está entre os principais concorrentes da próxima eleição presidencial, em 2018, e que, se Moro considerá-lo culpado, ele ficará inelegível. O jornal americano observa que Moro anunciou sua decisão no mesmo dia que o sucessor de Dilma, Michel Temer, defendeu o impeachment em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.
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