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Policiais federais acharam no apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um arquivo com cerca de 130 recibos de materiais de construção comprados para a reforma do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que somam R$ 66,1 mil.


Também encontraram uma nota fiscal de uma porta de correr, entregue em Atibaia, em que consta como cliente um engenheiro da empreiteira Odebrecht.

Os documentos datam dos primeiros meses de 2011, quando foram feitas as benfeitorias na propriedade que pertence a Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios de um dos filhos de Lula.

Os recibos estão em nome de Igenes Irigaray Neto, arquiteto que naquela época trabalhou para o pecuarista José Carlos Bumlai. O pecuarista é suspeito de ter arcado com os gastos de benfeitorias do sítio naquela época, junto com a Odebrecht e a OAS.

Nos comprovantes, que em valores atualizados somam R$ 90,6 mil, também é citado o caseiro Élcio Vieira, conhecido como Maradona.

Os papéis foram expedidos pela loja Depósito Dias, cuja ex-proprietária disse à Folha em janeiro que a Odebrecht gastou, só em materiais, cerca de R$ 500 mil com a reforma do sítio.

A nota fiscal da porta de correr de madeira, no valor de R$ 6.150, está em nome do engenheiro civil Paulo Henrique Kantovitz, empregado da Odebrecht. A empresa vendedora da porta é de São Paulo e fez a entrega no Depósito Dias, em Atibaia. A aquisição foi em fevereiro de 2011.

O Ministério Público Federal afirma que a Usina São Fernando, da família Bumlai, gastou R$ 747,4 mil na reforma do sítio naquela época e que a OAS pagou outros R$ 170 mil em mobília.

Também diz que a Odebrecht deslocou uma equipe para a obra e que o engenheiro da empreiteira Frederico Barbosa procurou manter em segredo sob sua identidade, emitindo notas fiscais em nome de Irigaray Neto.

Todos os papéis foram recolhidos pela PF na ação de busca no apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP), no último dia 4, quando Lula também foi alvo de um mandado de condução coercitiva.

As notas e recibos foram anexados em um inquérito que teve o sigilo levantado na semana passada por ordem do juiz federal Sergio Moro. Nos autos, não há nenhuma conclusão dos investigadores sobre esses documentos.

Além do conjunto de recibos emitidos pelo Depósito Dias, há ao menos duas notas fiscais em nome de Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor da Presidência. Uma delas é de uma capa de piscina, comprada na mesma época, por R$ 1.100. Um outro comprovante anexado, de gastos em uma vidraçaria, também está em nome de Irigaray. Ela se refere a uma compra de R$ 5.000.

OUTRO LADO
A defesa do ex-presidente Lula diz que ele tomou conhecimento que a família Bittar e Jonas Suassuna haviam adquirido o sítio em Atibaia em 13 de janeiro de 2011 e que "nenhum documento levado ao inquérito altera esse fato".

"Os agentes do Estado deveriam apresentar uma conclusão apenas ao final do processo de investigação. Merece repúdio que opiniões ou mesmo pensamentos desejosos daqueles que deveriam zelar pela aplicação da lei sejam utilizados para promover o espetáculo público e legitimar arbitrariedades", escreveram em nota os advogados do petista, Cristiano Martins e Roberto Teixeira.

Anteriormente, a defesa de Lula tinha afirmado que seus amigos e familiares "podem ter dado algum auxílio" na etapa final da reforma da propriedade rural.

A Folha também procurou a Odebrecht, que disse apenas que está colaborando com as investigações e que os esclarecimentos sobre o assunto serão prestados ao longo do inquérito.
A reportagem não conseguiu localizar o engenheiro Kantovitz nesta segunda (21).

BUSCA E APREENSÃO NA CASA DE LULA

PF achou documentos de reforma em Atibaia
Nota fiscal de venda de porta de correr em nome do engenheiro da Odebrecht Paulo Henrique Kantovitz
Nota fiscal de venda de porta de correr em nome do engenheiro da Odebrecht Paulo Henrique Kantovitz
  • R$ 66.100 é a soma dos valores dos recibos de venda de materiais de construção adquiridos em Atibaia, encontrados no apartamento do ex-presidente Lula
  • R$ 6.150 é o valor de nota fiscal de porta de correr comprada em nome do engenheiro da Odebrecht Paulo Henrique Kantovitz
  • R$ 1.800 é a soma de duas notas de compras em nome do ex-assessor Rogério Aurélio Pimentel




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