Segundo dirigentes do PT, a redução reflete as turbulências pelas quais tem passado o partido. "É a crise", afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente da legenda.
A queda ocorre em todas as regiões do Brasil, de acordo com os dados do PT - o país tem 5.750 municípios. O único Estado onde o número de candidaturas aumentou é o Piauí, governado por Wellington Dias (PT), com 70 nomes em disputa neste ano contra 49 há quatro anos.
O PT vai ter mais candidaturas neste ano em capitais. Serão 20 nomes contra 17 em 2012. Nas cidades com mais de 150 mil eleitores, o número também caiu. O PT lançou 84 candidatos quatro anos atrás e agora vai encabeçar 70 chapas, uma redução de 11%.
A cúpula partidária aponta três motivos para o encolhimento: o sentimento antipetista amplificado pelas revelações da Operação Lava Jato; a proibição das doações empresariais, defendida pelo partido; e o processo de impeachment de Dilma Rousseff, que distanciou o PT de aliados tradicionais e restringiu as alianças - a direção proibiu coligações com políticos que tenham se manifestado publicamente a favor do afastamento da presidente.
Efeitos
O impacto do impeachment pode ser sentido com mais intensidade no Rio, onde o PT mantinha alianças com o PMDB no governo estadual e na prefeitura da capital. O número caiu de 34 candidaturas, em 2012, para nove, neste ano.
"O PT, por causa da política nacional de alianças, ficou dez anos submisso ao PMDB no Rio. Isso enfraqueceu o partido", afirmou o presidente estadual no Rio, Washington Quaquá.
A Lava Jato e a falta de dinheiro das empresas tiveram fortes efeitos em São Paulo, berço do PT e maior colégio eleitoral do país. O número de candidatos no Estado caiu de 251, em 2012, para 116, neste ano.
O diretório estadual paulista tem uma dívida de R$ 24 milhões e não vai aportar recursos nas candidaturas municipais, o que fez com que muitos possíveis candidatos desistissem. Por causa em grande parte do antipetismo, o partido perdeu 37 dos 72 prefeitos eleitos em 2012 no Estado. Muitos deles vão disputar a reeleição por outras legendas.
"O 'golpe' impactou toda a política brasileira. Não é só o PT que vai ter menos candidatos. O PSDB também vai. Por outro lado, partidos menores como PDT e PSB vão disputar mais cidades. Depois de mais de duas décadas de PT versus PSDB, estão se formando outros polos", disse Florisvaldo Souza.
Vácuo
O PSDB e o PMDB ainda não fecharam o número de candidaturas. Já outras legendas de esquerda como PDT, PC do B e PSOL devem lançar mais candidatos do que em eleições anteriores. O objetivo é ocupar o vácuo deixado pelo PT.
O PDT traçou uma estratégia para tentar nacionalizar o nome de Ciro Gomes nas eleições municipais e dessa forma cooptar ex-eleitores do PT. "Nosso discurso será para atrair o eleitor decepcionado com o PT. Existe um vazio e alguém precisa ocupá-lo", disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.
O PC do B e o PSOL também vão disputar mais prefeituras neste ano. "Aumentou o fluxo de ex-petistas na nossa militância. Tem o lado do desencanto", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), candidato a vice-prefeito na chapa de Luiza Erundina (PSOL).
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