Em entrevista, uma ex-funcionária da Odebrecht afirmou: o pagamento de propinas seria uma prática antiga na empresa. Conceição Andrade trabalhou como secretária do departamento financeiro por 11 anos. Quando saiu da Odebrecht, levou com ela uma outra lista, dos anos 80, com mais de 500 nomes.
Em 1988, o presidente era José Sarney; a moeda, o cruzado, que teria vida curta. Naquele ano, a inflação passaria dos 1000% e a Constituição do Brasil Democrático seria promulgada. Era um brasil diferente, mas uma prática parecer ter sobrevivido até hoje.
A Lava Jato tornou públicos documentos que parecem ser registros de contabilidade apreendidos em endereços do executivo afastado da Odebrecht Benedito Barbosa Júnior. É uma lista de nomes de mais de 200 políticos de partidos da base do governo e da oposição, associados a valores monetários.
Uma outra lista, de 1988, também teve origem na Odebrecht. Ao lado de cada nome, estão os apelidos e a obra pela qual teriam recebido propina. Um codinome é jargão da justiça: “capa preta”. Os políticos são “almofadinha”, “ceguinho”, “sabiá”, “mel”, “whisky”. Três irmãos são chamados de “filhote”, “filhão” e “princesa”. “Boca mole”, “gambá”, “pinguiço”, “cana” e “pequeno suíno” também aparecem.
Quem é que inventava esse tipo de apelido? “Era o próprio pessoal da empresa, de acordo com o momento, de acordo com a figura física de cada um deles, mas eles faziam isso em tom de deboche”, diz Conceição Andrade.
Os procuradores da Operação Lava Jato afirmaram que havia um setor na Odebrecht dedicado exclusivamente ao pagamento de propinas.
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