A operação Lava Jato considera ter provas para apontar que Lula é o dono do sítio, comprado em 2010, por R$ 1,5 milhão, e reformado em 2011 e em 2014 por duas empreiteiras investigadas por cartel e corrupção na Petrobrás, a OAS e a Odebrecht, e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, preso em 2015. Nesta quarta-feira, 16, Bumlai afirmou à PF que foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia que pediu para que ele participasse da reforma.
Prado disse trabalhar para a família Bittar há mais de 20 anos, como responsável por cuidar das propriedades de pai e filhos.
"O declarante praticamente toma conta de diversos negócios da família, representando-os junto órgãos públicos empresas privadas", registra o termo de depoimento de Prado. "Entre suas funções incluem-se visitas constantes as propriedades da família, dentre as quais este local onde encontra-se sendo ouvido." Segundo ele, a propriedade em Manduri, que tem 30 alqueires de terra, onde a família cultiva eucaliptos, pertence a Fernando Bittar e sua irmã Priscila.
Sítio de Atibaia
As buscas em Manduri foram realizadas porque Bittar é investigado como suposto "laranja" da família de Lula na compra do sítio de Atibaia. A propriedade, que a Lava Jato diz ser do ex-presidente, foi alvo de buscas e no local foram encontrados materiais do casal petista e outros elementos que reforçaram as suspeitas.
Lula será acusado formalmente como um dos "mentores" da sistemática de desvios na Petrobrás. A força-tarefa considera ter elementos de que o ex-presidente teria recebido "benesses das empreiteiras Odebrecht, OAS e outras", ocultas na compra e reforma do sítio.
Questionado sobre a propriedade rural de Fernando na cidade de Atibaia, o braço-direto da família Bittar disse nunca ter visitado. "Não conhece pessoalmente sítio registrado em nome de Fernando Bittar, na cidade de Atibaia, não sabendo se realmente sítio de sua propriedade." Prado declarou que "apesar de visitar rotineiramente as propriedades da família (Bittar), tais visitas não incluem sítio de Atibaia".
Prado mora em São Vicente (SP), onde diz cuidar "do sr Jacó Bittar", que está com câncer.
Segundo a defesa de Lula, o sítio foi comprado por Jacó Bittar, registrado em nome do filho e seu sócio, mas tinha como objetivo o convívio de sua família com a do ex-presidente. "Fernando Bittar e Jonas Suassuna custearam, com seu próprio patrimônio, reformas e melhorias no imóvel", afirmou a defesa de Lula. "Fernando Bittar e sua família frequentaram o sítio com a mesma intensidade dos membros da família do ex-Presidente Lula, estes últimos na condição de convidados."
O criminalista José Roberto Batochio ressaltou que o sítio está registrado em nome de Bittar e Suassuna, que já "declararam e apresentaram documentos que comprovariam a propriedade do imóvel e a origem dos recursos para sua compra". "Quem é dono de um imóvel é quem consta no cartório de registro de imóveis. Não obstante essa prova material, se quer dizer que o imóvel pertence ao presidente Lula. Seria o mesmo que dizer que a Torre Eiffel pertence a qualquer um de nós."
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