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Logo após cair da Casa Civil, em setembro de 2010, quando veio a público que ela montara uma tenda de negócios no Palácio do Planalto, Erenice Guerra subiu na vida. Com a ascensão de sua ex-chefe Dilma Rousseff, de quem fora braço direito no governo Lula, Erenice virou uma das lobistas mais desejadas de Brasília. Não tardou a frequentar o banco de dados do Coaf.

Primeiro, os agentes de inteligência financeira confirmaram a materialidade do esquema que Erenice montara quando ainda estava no governo. A Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, de Saulo Dourado Guerra, filho da ex-ministra, e Sônia Elizabeth de Oliveira Castro, mãe de um assessor da Casa Civil de Lula, recebeu R$ 209 mil entre dezembro de 2009 e setembro de 2010. Esse é o saldo do pagamento de propina realizado pelo empresário Fábio Baracat, a quem Erenice prometera vantagens indevidas na Agência Nacional de Aviação Civil e nos Correios. “A movimentação foi enquadrada no seguinte indício de atipicidade: ‘retirada de quantia significativa de conta até então pouco movimentada ou de conta que acolheu depósito inusitado’”, diz o Coaf.

Embora seja lobista, Erenice se apresenta como advogada. Tem até escritório: Guerra Advogados Associados. A banca chamou a atenção do Coaf ao movimentar R$ 23,3 milhões entre agosto de 2011 e abril de 2015, sendo R$ 12 milhões a crédito e R$ 11,3 milhões a débito. Assim como Palocci, Erenice costuma receber seus honorários por intermédio de um escritório de advocacia. Nesse caso, quem repassa os recursos para a ex-ministra é Eduardo Antônio Lucho Ferrão – que transferiu R$ 3,5 milhões à banca de Erenice num contrato de consultoria. Outra fonte importante de recursos foi a empreiteira Engevix, que participou do cartel do petrolão. A empresa desembolsou R$ 1,2 milhão pelos serviços da ex-ministra.

LOBISTA Erenice, ex-ministra de Lula. Uma empresa de seu filho recebeu dinheiro de Fábio Baracat, suspeito de pagar propinas por contratos com o governo  (Foto:  )

Do dinheiro que saiu do caixa do escritório Guerra Advogados Associados nos últimos cinco anos, R$ 2,7 milhões foram destinados à empresa AMC W Assessoria e Contabilidade, do contador José João Appel Mattos, suspeito pela PF de lavar dinheiro de petistas e advogados de Brasília – inclusive o antigo escritório de Ferrão. Na lista de beneficiários da Guerra Advogados Associados também consta Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, que recebeu R$ 218 mil. Erenice e Silas foram citados nas investigações da Zelotes. Em depoimento no Congresso, um dos acusados disse que ambos frequentavam semanalmente o escritório de José Ricardo da Silva, um dos principais lobistas do esquema na Receita. Erenice e José Ricardo trabalharam juntos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Carf, pela empresa chinesa de telecomunicações Huawei. De acordo com o Coaf, as movimentações financeiras do escritório de Erenice são suspeitas pelo “alto valor, de forma contumaz, em benefício de terceiros”. Procurada, Erenice disse que não fala com a imprensa.



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