De óculos escuros, camisa clara, blazer preto e sem gravata, o cantor e compositor era constantemente requisitado para fotos e cumprimentos por vários dos presentes, entre ex-ministros de Dilma, parlamentares e integrantes de movimentos sociais. O café da manhã, de fato, foi interrompido pelas atenções centradas nele.
O cantor e compositor é admirador de Oscar Niemeyer, idealizador do palácio, e diz ter entrado na faculdade de arquitetura por causa dele.
Aparentemente mais calma e bem-humorada do que nos últimos treze dias em que se preparava para seu discurso de defesa, a presidente afastada aproveitou a mudança de holofotes para provocar seu advogado, José Eduardo Cardozo, conhecido por ser o "galã" entre os petistas.
"Olha lá, você perdeu a vez", brincou ela, aos risos. Cardozo também sorriu, reconhecendo que não há como competir com Chico Buarque.
Do Alvorada, após o café da manhã, Dilma seguiu para o Senado, onde fez seu discurso de defesa no processo de impeachment. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a acompanhou. Chegaram juntos à chapelaria da Casa às 9h03 e, por um minuto, não cruzaram com a ex-ministra e senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que chegou correndo e entrou no elevador sem dar chance de cruzar com os ex-chefes e colegas de partido.
Chico, por sua vez, chegou depois que Dilma e Lula já haviam se encaminhado para a presidência do Senado. Foi orientado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) até chegar à galeria da Casa, de onde assistiu ao discurso da presidente afastada. Sentou-se entre Lula e o ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil). Trocou algumas impressões e sorrisos com o ex-presidente durante a fala da petista, mas permaneceu, pelo menos durante a primeira parte da manhã, bastante concentrado no pronunciamento e nas respostas de Dilma aos senadores.
O petista disse que está gostando do desempenho da petista e que está impressionado com a serenidade dela.
"É difícil responder a mesma coisa mil vezes", afirmou enquanto saía da sessão no Senado para o almoço, acompanhado do ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil).
SEM APLAUSOS
A petista foi recebida na chapelaria do Senado por alguns deputados e senadores do PT e outros partidos aliados. Eles a aplaudiram, gritaram palavras de ordem e Dilma ganhou um buquê de flores.
Mas foi só ali. Ao entrar no plenário da Casa, às 9h43, não atravessou o tapete azul no meio dos senadores, subiu pela lateral da tribuna e sentou-se em uma das pontas da mesa ao lado de seu advogado, Cardozo.
Não foi aplaudida. Também não foi vaiada. Cumprimentou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, que preside a sessão, e deu início ao que deve ser seu último discurso como presidente da República.
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